26/08/2024
  • Caminhos de Rosa 2024: A Jornada do Corpo e da Mente no Sertão Mineiro

    “Viver é um rasgar-se e remendar-se.” — Guimarães Rosa

    Texto por: Nathan Braga

     


     

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    A Caminhos de Rosa é uma prova desafiadora de Mountain Bike e Gravel que se desenrola no coração do Sertão Mineiro. Este evento oferece dois percursos: um de 300 km, que vai de Três Marias a Paraopeba, e outro de 150 km, que parte de Morro da Garça e também chega a Paraopeba.

    Desde o km 1, a luta começa com o calor intenso. A sensação é de estar em um forno quando passamos pela poeira laranja típica da região, acompanhada com a sensação de vapor de calor quando passamos com os pneus na terra solta. A temperatura elevada e o ambiente árido tornam cada quilômetro um verdadeiro desafio. Pedalar sob essas condições exigiu não apenas força física, mas uma mentalidade de ferro.

    No entanto, a dificuldade do percurso não ofuscou a beleza natural do sertão. O caminho é emoldurado por vastas paisagens que revelam a essência do interior mineiro. À medida que avançamos, somos cercados por imensos campos de eucaliptos, as copas altas destacam contra o céu. Esses bosques de eucalipto adicionam um toque verde à paleta laranja do sertão.

     

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    As fazendas mineiras, surgem ao longo do percurso, oferecendo um vislumbre da vida rural tradicional. O gado pastando serenamente nos campos, sob o calor escaldante, completa o cenário autêntico da região. Esses elementos naturais não apenas embelezam a paisagem, mas também oferecem um contraste fascinante com a dificuldade do desafio.

    O Sertão Mineiro não é apenas um cenário desafiador; é uma região rica em literatura e cultura. É impossível não se lembrar das obras de Guimarães Rosa, que capturaram a essência do sertão com maestria em Grande Sertão: Veredas. No título do livro, veredas refere-se a trilhas ou caminhos nas regiões de cerrado e sertão. A comunidade local tem plena consciência da importância cultural da região e da influência que exerceu na literatura brasileira. A cada pedalada, somos convidados a mergulhar nas raízes profundas de histórias e a descobrir a alma de um lugar que inspirou grandes obras e escritores.

    Durante a prova, o desafio vai além das condições físicas. A prova requer uma concentração enorme pois a poeira esconde os obstáculos, as costeletas na via não permitem que formemos pelotões, ou imprimimos um ritmo mais forte, a estrada é tortuosa e não segue um padrão, as peças que usamos são fundamentais para este desafio, além de jersey bretelle que temos que usar por mais de 10h outros acessórios que são indispensáveis são manguitos e joelhitos. 

     

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    Uma pedalada atrás da outra, sem pressa sem competição, apenas com o pensamento de chegar inteiro até o final, após o KM 100, a ansiedade começa a aumentar pois estamos prestes a chegar no último ponto de apoio, a Fazenda Paulista é uma das fazendas mais charmosas que conheci, fogão a lenha aceso, macarrão sobre a mesa, e as pessoas fazem toda essa aventura acontecer te auxiliam para que você termine bem, como são educadas e receptivas as pessoas que trabalhavam nessa prova, te dão toda atenção do mundo. 

    Bom, barriga cheia, seguimos após este ponto de apoio no KM 109 começa a parte principal da prova o seguimento da Fazenda até a chegada,  com 42km em 3:08:49 onde você busca forças para vencer durante todo este tempo. A partir deste ponto, o GPS começou a falhar kkkk,  as pernas pareciam não responder. A sensação era de que o tempo havia desacelerado e a quilometragem não avançava. Esses momentos exigem uma resiliência mental imensa — a verdadeira luta é para manter a mente firme e a determinação inabalável.

     

    Por fim depois de toda essa subida estamos em um topo, onde avistamos a cidade de Paraopeba, ao meio a escuridão, as luzes da cidade ao fundo é de uma alegria imensa, que reacende a chama e a motivação aumenta, faltam somente 15km, mas o que é 15km para quem já pedalou 140 (KKKKK) eternidade esses 15km finais. 

     

  • Nomad
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    Tudo que sobe, desce não é mesmo? 
    E elas chegaram, lembram das ondulações típicas da prova? 

    Voltaram como nunca, os braços cansados não tem quase força para segurar o guidão. E a gente pede para a descida acabar logo, o final da prova é desgastante mas recompensador, por fim a ultima subida e caimos para uma decida, vimos as luzes tapete vermelho e o pórtico de chegada, que alegria !! 
    Venci os 155 mais insanos da minha vida, realmente isso vira uma chave em nossas cabeças e tenho certeza que meu conceito de desafio foi atualizado. 
    Hidratação constante foi crucial para enfrentar o calor extremo. Ingeri quase 8 litros de água durante a prova, um dado surreal considerando que não senti vontade de ir ao banheiro. Isso demonstra a importância de manter-se hidratado e alerta em condições tão severas.

    Um agradecimento especial ao meu parceiro @heltonderibeiro, cuja presença foi fundamental para superar este desafio. Juntos, enfrentamos quedas, risadas e, acima de tudo, uma alegria imensa ao cruzar a linha de chegada!
     

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